RIO - O Flamengo tocou o céu do basquete mundial. Depois de ter perdido o primeiro jogo da final por 69 a 99 na última sexta-feira, a equipe rubro-negra venceu nesse domingo o Maccabi por 90 a 77 no HSBC Arena, na Barra da Tijuca, na final da Copa Intercontinental. O placar desse segundo jogo foi o suficiente para tirar a vantagem imposta pelo time de Tel Aviv no primeiro jogo, já que o critério de desempate era o saldo de cestas.

O Maccabi começou melhor, anulando os ataques do Flamengo e sendo eficiente nos arremessos para abrir 7 a 0. Nas arquibancadas, a torcida rubro-negra fazia seu papel comparecendo em bom número e apoiando o time intensamente. Com duas cestas de três de Marquinhos, o Flamengo entrou no jogo (7 a 6). Meyinsse com boas infiltrações virou o placar (9 a 11). A partir daí, com destaque para Laprovittola, a equipe da Gávea conseguiu administrar uma pequena vantagem no placar apesar do jogo seguir disputadíssimo. Com uma cesta de três de Herrman, o Flamengo terminou o primeiro quarto vencendo por 27 a 25.
Caracter, destaque do Flamengo no primeiro jogo, entrou em quadra no segundo quarto conseguindo se impor no garrafão, mas caindo de rendimento com o decorrer da parcial. O Maccabi, por sua vez, não diminuiu o volume de jogo, e as duas equipes passaram a se revezar na frente do placar. Com cerca de cinco minutos de quarto, a partida ganhou em velocidade e emoção, mas perdeu qualidade técnica. O placar ficou parado em 34 a 32 por alguns minutos até Marcelinho acertar uma cesta de dois e outra de três para abrir 39 a 32. O time de Israel abusava dos erros de ataque. Os poucos pontos do Maccabi saíram de lances livres. O rubro-negro soube aproveitar o momento e foi para o intervalo vencendo por 46 a 36 para delírio da torcida.
O Maccabi voltou mais atento depois do intervalo. O próprio banco do time de Israel estava mais vibrante. Com quatro cestas de três seguidas começou a diminuir a vantagem rubro-negra (54 a 50). Pargo comandava o time visitante, enquanto Meyinsse era o respiro do Flamengo no garrafão diante de uma defesa aplicada do Maccabi. Herrmann entrou e também começou a levar a melhor nos rebotes. Durante boa parte do terceiro quarto, a vantagem rubro-negra era de três pontos, o que levaria a decisão para a prorrogação. Com uma bela assistência, Pargo deixou Tyus fazer de enterrada o último ponto do terceiro quarto que terminou em 64 a 61.
O último quarto começou com uma bela enterrada de Pargo, que roubou a bola em seu campo defensivo e seguiu livre para o garrafão rubro-negro (64 a 63). Meyinsse e Benite responderam para o lado rubro-negro (71 a 63). As bolas do Maccabi passaram a não cair mais na cesta. A vantagem rubro-negra chegou a 13 pontos (76 a 63). Nos minutos finais, o Maccabi passou a ser melhor em quadra e, aos poucos, diminuiu a vantagem. Após perder um lance e acertar outro, Haynes deixou em 83 a 75. Mas a reação foi tarde. A 30 segundos do fim, a torcida já gritava "é campeão". E ela tinha razão.
O TORNEIO
Até essa edição, única vez que um time brasileiro havia conquistado a Copa Intercontinental foi em 1979, quando Oscar Schmidt liderou a vitória do Sírio sobre o KK Bosna, da extinta Iugoslávia. Nessa época em que existia uma continuidade no torneio, o Brasil perdeu na final em seis oportunidades: Corinthians (1966); Sírio (1973 e 1981); Franca (1975 e 1980); e Monte Líbano (1985).
A Copa Intercontinental começou em 1966, e foi realizada 20 vezes até 1987. Teve uma edição especial em 1996, mas sumiu do calendário novamente até voltar a ser disputada no ano passado. Nesse retorno, Pinheiros, então campeão das Américas, não resistiu ao grego Olimpiacos, que ficou com o título. Na ocasião, a partida foi disputada em Barueri.
Durante o recesso da Copa Intercontinental, o basquete ganhou uma nova competição mundial interclubes. Foram realizadas nove edições entre 1987 e 1999. Esta era mais forte, pois contava com os times da NBA. O Franca foi o primeiro brasileiro a atuar na competição, em 1993, terminando na quinta colocação. A segunda participação de um time nacional no torneio é a mais lembrada pelos brasileiros. Em 1999, o Vasco perdeu a final contra o San Antonio Spurs.
Neste domingo, o Flamengo fez história e subiu no topo do mundo. Ao lado de sua torcida, que lotou completamente as dependências da HSBC Arena, no Rio de Janeiro, o time carioca dominou o Maccabi Tel-Aviv (ISR), venceu o segundo jogo da Copa Intercontinental pelo placar de 90 a 77, e garantiu o histórico título mundial interclubes.
Depois de perder o primeiro jogo por três pontos de diferença, a equipe rubro-negra entrou em quadra precisando de uma vitória por no mínimo quatro pontos para ficar com o troféu. Mas isso não foi problema para os comandados do técnico José Neto. Na frente por praticamente todo o jogo – somente no início da partida os israelense estiveram em vantagem –, os atuais bicampeões do NBB mostraram muita frieza e qualidade para confirmarem o triunfo e a histórica conquista.

Laprovittola, do Flamengo (Gaspar Nóbrega/FIBA Américas)
Para sair vencedor, o Flamengo contou com grande atuação de dois dos estrangeiros de seu elenco. Com 24 pontos, o armador argentino Nicolás Laprovittola foi o cestinha da equipe e ainda distribuiu seis assistências. Por sua vez, o pivô norte-americano Jerome Meyinsse mostrou um altíssimo aproveitamento nos arremessos e deixou a quadra com 22 pontos e sete rebotes. Pelo lado do Maccabi, o destaque ficou por conta do armador norte-americano Jeremy Pargo, cestinha do jogo, com 28 pontos.
Atual bicampeão do NBB e dono do título da última Liga das Américas, o Flamengo coroou seu ótimo momento com o título conquistado neste domingo diante dos atuais campeões da Euroliga e recolocou o basquete brasileiro no topo do mundo depois de 35 anos de espera.
Esta é a segunda vez que uma equipe do Brasil conquista o título da Copa Intercontinental. Em 1979, na cidade de São Paulo, o Esporte Clube Sírio (SP), que tinha em seu elenco grandes nomes do basquete brasileiro como Oscar Schimidt, Marcel de Souza e Marquinhos Abdala, venceu a competição e garantiu a primeira taça mundial interclubes a um time brasileiro.
O começo do jogo foi totalmente favorável ao Maccabi. Com uma bola de longa distância convertida por Pnini e cestas de dois pontos de Landesberg e Pargo, os atuais campeões da Euroliga abriram 7 a 0 de frente. Depois de quase três minutos em branco, o Flamengo fez sua primeira cesta na partida com Marquinhos, da linha de três pontos. A partir de então tudo mudou. No ataque seguinte, o camisa 11 voltou a acertar um tiro longo e cortou o prejuízo dos cariocas para apenas um tento (7 a 6).
A virada dos rubro-negros veio nas mãos de Meyinsse, e com estilo. Primeiro, o norte-americano fez bela jogada individual e colocou os donos da casa em vantagem (8 a 7). Depois, o MVP da última Final do NBB acertou uma linda enterrada seguida de falta e o Flamengo abriu quatro pontos de diferença no marcador (11 a 7).
Após a rápida reação dos brasileiros, o duelo ficou “lá e cá”. Laprovittola brilhou em lances individuais e, com expressivos dez pontos, comandou o ataque flamenguista. Do outro lado, os norte-americanos Pargo e Haynes apareceram muito bem e mantiveram os israelenses na cola. Desta maneira, com um tiro de três pontos de Herrmann no estouro do cronômetro, os representantes das Américas fecharam a primeira parcial na frente, mas por apenas dois pontos: 27 a 25.
O começo do segundo quarto não foi bom para nenhuma das duas equipes. Sem apresentar o mesmo rendimento do primeiro período, os times pouco produziram e jogo ficou bastante truncado. Ainda com uma pequena vantagem no placar (34 a 32), o Flamengo contou com a categoria de Marcelinho para abrir a maior diferença da partida até então. Com cinco pontos seguidos e uma linda assistência, o camisa 4 teve papel fundamental para os cariocas colocarem nove pontos de frente (41 a 32). Depois de uma “troca” de lances livres nos instantes finais da parcial, o Flamengo levou a partida para os vestiários com dez tentos de vantagem: 46 a 36.
No embalo de Pargo, o Maccabi voltou com tudo para o terceiro quarto. Com três bolas certeiras de três pontos em pouco mais de três minutos, o armador norte-americano liderou a reação dos israelenses e a diferença no placar caiu para quatro pontos (54 a 50). Sem apresentar um bom aproveitamento, apenas com Meyinnse mostrando se sobressaindo, o Flamengo nada pôde fazer para frear o bom momento dos rivais.
Pargo seguiu inspirado, anotou mais cinco pontos, com direito a mais uma bola de longa distância, e a vantagem dos cariocas caiu para um ponto (56 a 55) obrigando o técnico José Neto a parar o jogo. Depois do tempo técnico, os rubro-negros melhoraram e, mesmo com Pargo pegando fogo do outro lado, levaram o jogo para o último quarto com três pontos de frente: 64 a 61.
Com o placar em “zero a zero”, já que o Flamengo precisava tirar a vantagem de três pontos construída pelo Maccabi na primeira partida, o time carioca sobrou no início da parcial final. Benite roubou a bola de Pargo, converteu dois pontos e ainda sofreu falta para colocar a equipe oito pontos na frente (71 a 63). Na sequência Laprovittola roubou a cena, marcou cinco pontos seguidos e ampliou a diferença no placar para 13 pontos (76 a 63), com seis minutos para o fim do jogo.
Sem deixar o ritmo cair, os atuais campeões da Liga das Américas mantiveram o controle do jogo nos minutos seguintes. Com pouco mais de três minutos para o término da partida, o placar apontava 81 a 70 para os brasileiros e o técnico israelense Guy Goodes parou o jogo. Tendo que reverter o cenário, o Maccabi apostou nos tiros longos, mas não obteve sucesso. Do outro lado, o clube da Gávea soube controlar o jogo, manteve uma diferença confortável a seu favor e confirmou o histórico título mundial para levar sua fervorosa torcida ao delírio.
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