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sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Capitão Alex desiste de Nenê e vibra com novo Brasil obcecado por defesa



Especialista em marcação, ala comemora nova mentalidade defensiva e não conta mais com o pivô do Denver: ‘Já não o considero como parte da seleção’

Por Rodrigo AlvesDireto de Mar del Plata, Argentina
Alex Garcia é uma espécie de carrapato com 90kg. Quase sempre é ele que gruda no adversário mais talentoso com a missão de não deixá-lo respirar. E tem sido assim há muito tempo. A diferença é que agora o ala de 1,91m não é o único da seleção obcecado por defesa. Sob a mão forte de Rubén Magnano, o basquete verde-amarelo parece enfim ter aprendido que não há caminho de volta para as Olimpíadas sem marcar, marcar e marcar. Capitão e camisa 10 do grupo que está em Mar del Plata lutando por uma vaga em Londres-2012, Alex festeja a nova mentalidade e já sabe em quem vai pregar as garras nesta sexta-feira, às 18h. A vítima da vez é Francisco Garcia, ala da República Dominicana, terceiro rival do Brasil na Copa América.
Alex Copa América de basquete (Foto: Divulgação/Fiba)Alex em ação contra a Venezuela: o ala festeja a nova mentalidade defensiva do Brasil (Foto: Divulgação/Fiba)
Para viajar a Londres, a receita é simples: chegar à semifinal e vencê-la. A final, ainda que seja contra a Argentina, o capitão ignora desde já: “Seria um jogo sem nenhuma importância”, admitiu em conversa com o GLOBOESPORTE.COM no saguão do gigantesco hotel em que a seleção se hospeda na orla de Mar del Plata. Dois passos para a Inglaterra já foram dados, apesar da dificuldade maior do que o esperado para bater Venezuela e Canadá. Para avançar até o fim, a equipe de Magnano mescla experiência e juventude, até por causa das ausências de três jogadores da NBA. Alex entende os motivos de Varejão e Leandrinho, mas, sincero, já não tem paciência para esperar Nenê, que só jogou pelo Brasil uma vez nos últimos oito anos.
- Se ele estivesse a fim mesmo, seria uma ajuda muito grande. Mas eu já não considero o Nenê como parte da seleção – afirma o ala de 30 anos, confiante nos 12 que estão na Argentina.
Antigamente a gente até queria ter aquela postura defensiva, mas acabava não tendo. Agora a gente está mudando isso, todo mundo se empenha muito mais na marcação. É uma vitória nossa"
Alex
GLOBOESPORTE.COM: Depois de dois jogos, temos percebido pelas declarações de vocês que esta é uma seleção obcecada por defesa. Todo mundo fala disso o tempo todo, e fica a impressão de que, depois de muito tempo, o jogador brasileiro colocou no subconsciente a importância de marcar. É isso mesmo? A vaga olímpica só pode vir pelo caminho da defesa?
ALEX GARCIA:
 É isso que a gente está treinando. O Magnano se concentra muito na parte defensiva, especialmente as coberturas. É um ponto forte que a gente tem. Nossa equipe gosta de marcar. É claro que cometemos alguns erros, mas na hora da decisão todo mundo está focado na parte defensiva. A gente sabe que, se o time tiver uma postura de marcação forte, vamos ter sucesso. Vamos ganhar os jogos da defesa para o ataque, e não do ataque para a defesa.
Você está na seleção há 11 anos. Essa mentalidade defensiva surgiu quando?
Melhorou bastante nos últimos anos. Antigamente a gente até queria ter aquela postura defensiva, mas acabava não tendo. Agora a gente está mudando isso, todo mundo se empenha muito mais na marcação. É uma vitória nossa. Está dando certo durante os jogos.
Alex Copa América de basquete (Foto: Rodrigo Alves/GLOBOESPORTE.COM)Alex no saguão do hotel da seleção brasileira
(Foto: Rodrigo Alves/GLOBOESPORTE.COM)
Nos dois primeiros jogos, ficou uma sensação de que as vitórias poderiam ter sido mais tranquilas e não foram. Qual foi a avaliação de vocês sobre as partidas contra Venezuela e Canadá?A dificuldade a gente esperava. Ninguém aqui imaginava que a gente faria um jogo igual àquele da Tuto Marchand contra o Canadá, quando abrimos 20 pontos no primeiro quarto. Sabíamos que os jogos seriam difíceis. Mas nós também sabemos que não estamos jogando do jeito que nós queremos. Mesmo não jogando tão bem, vencemos. E temos que melhorar jogo a jogo, degrau a degrau. Temos que chegar ao nosso ápice lá na semifinal.
A semifinal já está na sua cabeça? É o jogo que vai decidir a vaga em Londres. Dá para não pensar nele desde o início?Imaginar você imagina, né. Pela nossa classificação na primeira fase, imaginamos que possa ser contra Porto Rico, Dominicana ou até o Canadá, se não houver surpresas. Se a Argentina ficar em primeiro na próxima fase, é claro que o nosso objetivo é ficar em segundo. E aí pegamos um desses três adversários. Já estamos mentalizando, mas precisamos pensar a cada dia para não haver surpresa nenhuma no meio do caminho.
Você já esteve em outros torneios pré-olímpicos. Já passa pela sua cabeça a dimensão do que seria levar o Brasil de volta às Olimpíadas depois de tanto tempo?Olha, vou te falar. A seleção se reúne várias vezes, e sempre que chega o ano do Pré-Olímpico temos algumas baixas. Na Copa América de 2009, estava todo mundo, menos o Nenê – falo todo mundo porque não conto mais o Nenê. No Mundial foi praticamente todo mundo. E quando chega o momento do Pré-Olímpico, sempre falta alguém.
Eu não considero mais o Nenê um desfalque. Se vier, é um jogador importante, porque nas outras seleções você não tem um pivô como ele, forte, com uma impulsão monstruosa e uma força física gigantesca. Se ele estivesse a fim mesmo, seria uma ajuda muito grande. Leandrinho e Anderson estão sempre jogando com a gente, sempre à disposição. [...] Eu já não considero o Nenê como parte da seleção."
Alex
Por que isso acontece?
Não sei, parece até castigo (risos). É impressionante. No Mundial está todo mundo à disposição, nos outros campeonatos também. Até o Pan já teve quase todo mundo jogando. Mas chega o bendito Pré-Olímpico, sempre tem problema, os jogadores não podem vir. Mas estamos fazendo nosso trabalho. O time está forte aqui, mesclando juventude com experiência. Espero que com essa seleção a gente possa classificar o Brasil novamente.
Você falou que não conta mais com o Nenê. O caso dele é diferente do Anderson Varejão e do Leandrinho?
Eu não considero mais o Nenê um desfalque. Se vier, é um jogador importante, porque nas outras seleções você não tem um pivô como ele, forte, com uma impulsão monstruosa e uma força física gigantesca. Se ele estivesse a fim mesmo, seria uma ajuda muito grande. Leandrinho e Anderson estão sempre jogando com a gente, sempre à disposição. É lógico que a gente não pode julgar, cada um tem seus motivos. Amanhã posso ser eu o ausente. Mas são casos muito diferentes. Os dois, sim, fazem parte do grupo, e eu já não considero o Nenê como parte da seleção.
O Leandrinho recebeu muitas críticas com aquela polêmica de ter avisado em cima da hora, e depois ele disse que não foi bem assim. Como o grupo reagiu?
As críticas vão existir, né. Principalmente vendo ele treinando com o Flamengo agora. Aquele problema na mão dele é crônico, todo mundo sabe disso. Eu fui parceiro de quarto dele nos últimos anos e vi de perto as dores que ele sente. A gente tem que respeitar. O que eu sei é que este grupo aqui em Mar del Plata tem condições de classificar o Brasil.
Alex Copa América de basquete chinelo (Foto: Rodrigo Alves/GLOBOESPORTE.COM)No hotel, o descanso com o número 10 gravado no chinelo (Foto: Rodrigo Alves/GLOBOESPORTE.COM)
Esse grupo tem jogadores jovens. Vocês, veteranos, estão pegando pesado com eles nos trotes? Outro dia colocaram os garotos para contar piadas no refeitório...A gente ainda está light. O pessoal da República Dominicana, no voo aqui para Mar del Plata, botou os mais novos para fazer flexões no chão do avião. Deitavam lá e faziam 50, 100.
Esse voo, com quatro seleções e quatro horas de atraso, deve ter sido terrível.
Foi insuportável. Muito calor, poltronas minúsculas. Para mim, mais baixo, foi ruim, imagina para os pivôs. E ainda teve todo aquele atraso. No meio disso tudo, os caras ainda tiveram que fazer flexão. Então a gente está light (risos).
Ganhando a semifinal e indo para a final, a última coisa que a gente vai querer é jogar. É a última coisa que vai passar na cabeça de qualquer um aqui, acho que até para o Magnano, que é muito focado. A gente jogaria uma final sem importância nenhuma. A semifinal é a final aqui. "
Alex
Falando na Dominicana, este é o próximo desafio do Brasil, teoricamente o mais difícil até agora. É um time provocador, marrento, abusado. É o tipo de jogo que você gosta?É um jogo gostoso de jogar. São atletas que tentam te desafiar a todo momento, mas não gostam de ser incomodados. Se você ficar trombando com ele toda hora, eles acabam ficando loucos e levam para o lado pessoal. Isso é bom para a gente, porque eles saem da estrutura deles. Se tivermos uma postura defensiva agressiva e um rebote muito bom, vamos ter sucesso.
Nesta partida você deve marcar o Francisco Garcia, certo?
Provavelmente.
Como vai ser marcar esse jogador?
Não posso dar espaço. Ele tem uma porcentagem alta de três pontos e arremessa muito rápido. É preciso ter muita atenção com ele em todos os minutos que eu estiver na quadra. E ainda vou tentar ajudar o nosso pivô 4 na cobertura, porque eles têm uma tábua muito pesada.
A Dominicana sempre aparece nos campeonatos como um time perigoso, mas nunca consegue engrenar. Na Copa América de 2009 perdeu a vaga no Mundial para o Canadá. Aqui em Mar del Plata também já perdeu para os canadenses. O que falta para eles é o que faltava ao Brasil há algum tempo, um pouco mais de jogo coletivo?
Com Dominicana e Porto Rico, o jogo deles é assim, né. Parece com a NBA. Quem está com a bola chuta e volta para a defesa. Isso é bom para a gente. Se a nossa defesa for boa, esses arremessos que eles estão dando aí vão virar contra-ataque nosso. É um estilo que encaixa com o nosso. É claro que, quando todo mundo mete bola, é difícil de ganhar. Mas se fizermos eles improvisarem no ataque, vai facilitar nosso serviço.
Alex Copa América de basquete (Foto: Divulgação/Fiba)O Brasil passou apertado por Venezuela e Canadá
nos dois primeiros jogos (Foto: Divulgação/Fiba)
E os argentinos? Eles pegaram dois adversários mais fracos e atropelaram, incluindo um show na partida contra o Uruguai. Chegou a ver?
Eu vi o primeiro quarto contra o Paraguai e um pedaço contra o Uruguai. Eles são os favoritos. Primeiro porque estão jogando em casa, o volume de jogo fica muito maior. E é um time campeão olímpico e vice mundial. É o time a ser batido nesse torneio. Mas. Até agora foram adversários teoricamente fracos, então foi praticamente treino. Faziam graça para a torcida, foi fácil. Vamos ver como eles vão se sair contra Porto Rico na sexta-feia.
Se o Brasil ganha a semifinal, consegue a vaga em Londres e pega a Argentina na final, ainda sobra uma motivação para ganhar dos campeões olímpicos aqui dentro do país deles?
Sinceramente?
Claro.
Ganhando a semifinal e indo para a final, a última coisa que a gente vai querer é jogar. É a última coisa que vai passar na cabeça de qualquer um aqui, acho que até para o Magnano, que é muito focado. A gente jogaria uma final sem importância nenhuma. A semifinal é a final aqui. Principalmente para a gente, depois de três Olimpíadas fora, se tivermos a oportunidade de vencer a semifinal, está ótimo.
Nem para tirar uma casquinha dentro da casa deles?
Um jogo desses é assim: ou a gente perde de 40, 50 pontos, ou a gente vai abrir 20 para cima deles. Porque todo mundo vai jogar solto, sem pressão nenhuma, então quem deslanchar vai embora. A motivação de ser campeão fica para eles, que fizeram o torneio e estão jogando em casa, para a torcida. Para nós, vencer a semifinal já é missão cumprida.
Fonte - sport Tv

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